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A Biologia para ressuscitar dinossauros

  • Foto do escritor: Cauê Oliveira
    Cauê Oliveira
  • 28 de out. de 2019
  • 4 min de leitura

O filme ‘Parque dos Dinossauros’ criou uma legião de amantes quando a primeira película foi lançada há mais de 20 anos. O filme fez um sucesso imenso em todo o planeta e alimentou a imaginação de milhões de pessoas sobre a possibilidade de ver dinossauros vivos novamente.


Em 1993, ano do lançamento do primeiro filme da série, ainda engatinhávamos sobre o conhecimento em relação ao DNA e como manipulá-lo. Genoma? Os cientistas começavam a explorar o mundo do alfabeto da vida, os nucleotídeos adenina, timina, citosina e guanina (A, T, C e G).


Os anos passaram, a tecnologia evoluiu e o novo filme ‘Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros’ também acompanhou este desenvolvimento. Criar um dinossauro não tem mais graça é o que dizem no novo filme. Isto é coisa do passado, para eles.


Agora as pessoas querem mais, querem misturar um monte de outras características de animais e fazer dinossauros que não têm mais nada de dinossauros se tornarem um grande objeto de lucro para ser mostrado em parques ou utilizados em guerras.


Mas será que a ciência dos filmes “Parque dos Dinossauros” é possível? Poderemos ver algum dia dinossauros vivos como no filme?


A “ciência” dos primeiros filmes só queria extrair material genético do sangue no intestino de mosquitos aprisionados em âmbar e completar os espaços de toda a sequência com partes de DNA de sapos, aves e outros répteis e PAM! Temos um dinossauro. Um pouco difícil, né?


O DNA não fica totalmente preservado. Afinal, são muitos anos e diversos fatores começam a degradar esta molécula como acontece com todos os elementos químicos que conhecemos. Os espaços neste genoma fóssil podem ser completados, mas não é algo assim tão fácil.


Apesar de ter acumulado um grande conhecimento sobre os blocos fundamentais do DNA, os nucleotídeos, ainda falta saber muito sobre como a molécula inteira funciona. Nestas duas décadas de pesquisa, descobriu-se que mais importante do que a sequência em si das letrinhas A, T, C ou G é a forma como a molécula está organizada que vai informar as células a trabalharem de determinado modo.


Uma analogia legal para a situação em que nos encontramos sobre o conhecimento genético é de que sabemos o alfabeto da vida, somos capazes de ler as palavras (genes), porém, não sabemos como funciona a gramática ou como os genes e partes não codificantes se relacionam entre si.


A ideia de trazer animais extintos de volta a vida está sendo investigada por muitos cientistas. Acho que uma das histórias que mais foram faladas ultimamente foi sobre um trabalho que está buscando meios de tirar o material genético encontrado em um mamute aprisionado em uma geleira, implantar em um óvulo de elefante e utilizar uma mãe elefanta adotiva para gestar o embrião feito em laboratório do animal extinto.


Conceitualmente seria possível, afinal, é o mesmo processo feito na clonagem da ovelha Dolly, porém, utilizando espécies diferentes. Exatamente este ponto é que precisa ser contornado para que haja sucesso na reprodução de animais extintos. Apesar de serem próximos, mamutes e elefantes ainda tem diferenças muito grandes. Imaginem então com os dinossauros cujos animais mais próximos que existem atualmente são as aves?


Mas isto também já está acontecendo. O pesquisador Jack Horner, autor do livro que inspirou ‘O Parque dos Dinossauros’ e consultor científico dos filmes, em uma entrevista falou sobre os projetos que estão tentando modificar os genes de galinha, dando a estas aves aspectos parecidos com o de dinossauros.


Apesar de empolgante, as pesquisas estão muito no começo e a maior conquista deles foi ter conseguido reproduzir uma galinha com uma coluna vertebral mais próxima dos ancestrais fósseis.


Outra coisa inovadora do filme é a ideia de reconstruir seres vivos que tenham características de uma dezena de outros organismos. A coisa ficou mais séria em “Jurassic World”. O negócio não são apenas reprodução de dinossauros como eram exatamente há milhões de anos, mas híbridos transgênicos capazes de apresentar características impressionantes como mudar a cor da pele.


Inserir um gene de uma espécie em outra é algo que se tornou comum nos laboratórios. Temos alimentos transgênicos que utilizam gene de bactérias que mantém plantas livres de parasitas. Também existem peixes, coelhos e gatos que brilham no escuro por causa de um gene de uma água viva bioluminescente.


Mas isto só é possível porque se trabalha apenas com um gene. Para pensar na criação de um novo organismo completo com um mistura de genes de várias espécies diferentes, temos que nos preocupar com algo conhecido da genética a pleiotropia.


Como disse mais acima no texto, a pleiotropia seria esta gramática que falta conhecermos. Sem saber o relacionamento entre os genes e partes não-codificantes do DNA, fica impossível escrever o “livro” que é a informação contida no núcleo das células dos seres vivos. O resultado mais provável do que é feito pelos cientistas do ‘Parque dos Dinossauros’ seria o insucesso.


Claro, não queremos que eles sejam perfeitos, afinal, isto é apenas um filme. Vale a pena pela ação. Outros erros menores também aparecem, faltam dinossauros com penas, répteis não podem ser treinados e seria impossível escapar de um dinossauro correndo.

 
 
 

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